Um tabaréu, como
muitos o intitularam. Um homem que veio do mato, e ainda menino se aventurou no
lombo de um jegue, de um cavalo, num carro de boi pelos carreiros da velha
Canabrava dos Caldeiras, e se enveredou pelos negócios seguindo seu pai. Um
homem que aprendeu todas as profissões que seu velho lhe apresentou. Mas que,
sedento de saber e construir uma vida melhor, se atreveu muito mais.
Aprendeu a ler e
escrever e já estava formado, pois seus caminhos não tinham largura e nem
comprimento, eram do tamanho do Mundo. Criou asas, voou pelas estradas do
Brasil dirigindo um velho GMC. Multiplicou seu peixe e seu pão, crescendo e
levando consigo aqueles que se atreveram, como ele, a sonhar. Sonhou sonhos
coloridos e brilhantes. E os conquistou um a um. Acreditou em si e no seu
potencial, e provou que estava certo.
Conheceu o amor e
tentaram proibi-lo de amar. Não o conseguiram, pois para ele toda luta era
pequena e todo querer era possível. Ao lado daquela mulher forte, construiu sua
família e continuou sua lida, buscando seus outros objetivos.
Foi ser prefeito
daquela cidade que o encantava, mas que via parada, triste, acanhada, enquanto
o Mundo crescia e o progresso se espalhava. E para ela trouxe um novo presente,
um novo futuro, um novo florescer. Fez uma Caetité mais bonita, mais robusta,
mais moderna e abriu os caminhos para mais trabalho, mais empregos, mais
estudos, mais saúde, mais e mais vida!
Deixou sua marca,
como sempre sonhara. Escreveu uma história chamada “Caetité depois de Dácio
prefeito”! E não parou mais de sonhar.
Hoje aos noventa e
dois anos de idade, Dácio Oliveira é um homem realizado, respeitado, um líder
que brilha e espalha esse fulgor por onde passa. Mas guarda a simplicidade
daquele menino humilde e tabaréu, que quis abrir suas sendas e fazer uma nova
história. Venceu sim, mas ainda não parou de sonhar. Sem arrogância, sem
empáfia, mas com a humildade própria dos grandes homens que a história
imortalizou. Um sábio guerreiro que orgulha a todos nós.
Aquele menino pobre,
com um “chinelo de três pontas” velho e surrado, tabaréu da Canabrava,
perseguiu as estrelas e ganhou seu brilho. E hoje é esse homem de cabelos
brancos que, quase centenário, nos dá lições de vida e de amor à sua cidade e
ao seu povo, nos enchendo de orgulho e de esperança.
A Caetité “Pequenina
e ilustre” de Anísio Teixeira é hoje uma cidade ainda mais ilustre, não mais
tão pequenina, mas muito mais bela, que reiniciou sua vida no “Governo do
Progresso” de Dácio Oliveira.
Luzmar Oliveira –
irmã.
(Foto tirada na comemoração do seu 90º ano de
vida, na sua Fazenda Iracema,, em Igaporã Bahia - Foto de Luzmar Oliveira) |
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