
Iniciado
há um mês, o julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal)
já estabeleceu teses jurídicas que deverão levar à condenação da maioria
dos réus do processo e sugerem que casos de corrupção terão um
tratamento mais rigoroso no Judiciário daqui para frente. A importância
do caso faz com que as decisões passem a ser referência para toda a
Justiça, já que essa é uma das raras vezes em que o Supremo,
preponderantemente um tribunal constitucional, analisa fatos e provas
penais. Os ministros do Supremo julgaram até agora apenas o primeiro dos
sete capítulos do mensalão. A conclusão é que o esquema de corrupção
foi alimentado com dinheiro público, vindo da Câmara dos Deputados e
principalmente do Banco do Brasil. Mais do que isso, os ministros
derrubaram boa parte das teses apresentadas pela defesa, fixando a base
para futuras condenações. Entre elas a de que é necessária a existência
do chamado "ato de ofício" para que se configurasse a corrupção. A
maioria dos ministros entendeu que basta o recebimento de propina para
haver o crime, mesmo que o servidor não tenha praticado nenhum ato
funcional em troca. "Basta que o agente público que recebe a vantagem
indevida tenha o poder de praticar atos de ofício", disse a ministra
Rosa Weber. Em outro dos pontos, só dois ministros aceitaram até agora
um dos argumentos centrais dos réus, o de que o esquema se resumiu
apenas a gasto eleitoral não declarado à Justiça -o caixa dois. Segundo a
acusação, o dinheiro foi usado para compra de apoio legislativo ao
governo Lula em 2003 e 2004. Os entendimentos adotados pelo STF são
desfavoráveis aos réus políticos -integrantes de partidos governistas
que receberam dinheiro, como Valdemar Costa Neto (PR), Pedro Henry (PP) e
Roberto Jefferson (PTB), que revelou o esquema em entrevista à Folha em
2005.
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