Um caminhão encantado chamado "Bela Vista" Década de cinqüenta. Minha família morava no Hotel, Bar e Restaurante Dois Garotos na Rua 2 de Julho. Meu pai, Tobias Oliveira, construiu aquele prédio e nos mudamos da casa vizinha, onde o Sr. Didi Lopes se estabeleceu.
Dentre os vários hóspedes costumeiros, surgiram alguns portugueses que se tornaram nossos amigos. Tinham dois caminhões baú da Mercedes Benz, sendo um “Bicudinha” e um “Cara Curta”, ou “1111”. Nas carrocerias, um nome escrito em letras cursivas: Bela Vista. Dentro delas, o sonho dourado de todas as crianças do mundo: balas, doces, chocolates, pirulitos, pipocas, biscoitos. Seus proprietários eram José e Himério. Tempos depois José vendeu sua parte para Himério Joaquim Barbosa. A Bela Vista vendia suas mercadoria nas casas comerciais de Caetité e região, trazendo-as de São Paulo, onde eram fabricadas. E eu, criança, era uma espécie de “princesa” para eles que me privilegiavam com muitos doces. Principalmente quando Euclides, concunhado de Himério, estava no comando.
Um dia meu pai nos levou para uma viagem, numa Rural Willys, a São Paulo, onde nos hospedamos em casa de Himério. De lá saímos “donos e proprietários” daquele sonho! Meu pai e meu cunhado João Teixeira (Padim Jão – como diz Celina), compraram os caminhões e a linha de distribuição dos produtos, que abrangia Caetité e várias cidades ao seu redor.
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Era o início de uma história de amor para as crianças de Caetité. Uma INESQUECÍVEL HISTÓRIA DE AMOR!
A Bela Vista era uma fábrica de doces da capital paulista. Hoje é uma indústria de biscoitos e exporta 15% dos seus produtos para 30 países do mundo inteiro. Seu nome deve-se ao bairro onde começou como doceria artesanal, tendo depois se mudado para o bairro do Canindé, como estava escrito na carroceria dos caminhões.
Sua história na região se confunde com a nossa vida, pois, por onde passasse, um bando de meninos e meninas corria atrás gritando seu nome e vibrando desejosos dos doces. Era uma euforia só. Ninguém que viveu ali naquela época se esqueceu dela. Um amor mágico, maravilhoso, eterno!
Havia dias em que nos era permitido entrar naquela carroceria, que mais parecia um armário profundo. Com três portas de cada lado, prateleiras em madeira que abrigavam as caixas recheadas de delícias e latas com os mais saborosos biscoitos que já comi durante toda a minha existência. Na cobertura havia uma grade a guisa de porta malas, onde viajavam latas de bolachas e sacos de pipoca doce, cobertos com uma lona. No fundo uma escada de ferro dava acesso à mesma.
Os carros chegavam de São Paulo abarrotados e eram descarregados, em parte, no depósito que ficava em minha casa. Pensem numa festa, numa alegria muito louca! Apareciam ajudantes de toda a vizinhança porque sabiam que sempre havia distribuição para todos!
Não há como esquecer a Bela Vista, talvez comparada à “Fantástica Fábrica de Chocolates” do filme, pois era como uma caixa de sonhos, um carro fascinante que abrigava tudo que queríamos comer até nos fartar! Minhas amigas Celina e Xupimpa faziam parte da nossa confraria e estavam presentes nas incursões pelo paraíso açucarado. Foram anos doces, achocolatados, beirando a quimeras! Um dia os sócios mudaram o letreiro dos caminhões, agora um “1313” e um Chevrolet Diesel. Carrocerias mais escuras com o nome de “Campineira” e um lindo e saboroso “Pirulito Zorro”! Os doces ainda eram semelhantes, o tal pirulito era sucesso absoluto... mas o nome da Bela Vista jamais foi esquecido!
No “1313”, meu cunhado “Padim Jão” e no Chevrolet, meu irmão Fiim. Ambos já nos deixaram e hoje distribuem doces na próxima dimensão onde Fiim aperta a buzina que toca “Namoradinha de Um Amigo Meu”. E nos faz sentir aquela saudade enorme, bonita, feliz!
E aqui fica mais um pouco da história da nossa Caetité! Dos “tempos da brilhantina”! Dos “anos dourados” que nos deram asas para voarmos pelos céus da vida e sermos felizes com nossas lembranças!
LUZMAR OLIVEIRA
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eu tambem lembro me, muinto bem do antigo chevrolet, um furgaozinho antigo que fazia entregas em bares e padarias, isso em 1961 nessa epoca eu tinha 7 anos mais me recordo ate hoje daquelas, guloseimas gostosas.
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