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RITA CADILLAC EXPÕE FERIDAS EM BIOGRAFIA: ' PERDI TUDO E FUI JULGADA POR TENTAR SOBREVIVER'

 

Atriz, que ficou nacionalmente conhecida como chacrete, relembra trajetória de lutas pela sobrevivência em livro e namoro com Gonzaguinha

Rita Cadillac nunca fez uma sessão de terapia em seus 67 anos de vida, mas teve a oportunidade de dar um novo sentido para algumas dores do passado durante os bate-papos com o Flavio Queiroz, autor de sua biografia Rita Cadillac – Frente e Verso, lançada pela editora Gregory.

 

A atriz, que conheceu a fama na década de 70 após sua estreia como assistente de palco do programa do Chacrinha, contou que muitas de suas intimidades foram contadas pelo telefone, em conversas despretensiosas, enquanto fazia faxina em sua casa.

 

“Foi uma terapia para mim. Consegui falar sobre coisas que me machucava. Foram milhares de encontros. Ele vinha para a minha casa e quando dava eu ia para casa dele. A gente também se falou muito por telefone. Era gozado porque ele tinha vezes que ele começava a perguntar algo sério e eu respondia enquanto limpava o banheiro (risos). Sou aquele tipo de pessoa casca dura, que não chora em público, que faz acontecer... Criei essa casca dura para sobreviver e não deixar que as pessoas me machucassem. Mas, no fundo, sou a maior manteiga derretida e o livro mostra esse meu outro lado também”, conta a ex-chacrete.



A história de Rita é marcada pela luta pela sobrevivência. Sem conhecer o pai, ela foi abandonada pela mãe e criada pela avó paterna. Casou-se jovem e virgem para provocar o primeiro namoradinho, que estava noivo. O casamento foi marcado por sexo sem consentimento, traições e roubo do marido. Separada, com a avó morta e com um filho para criar, ela se viu sozinha novamente no mundo e teve que fazer programa para se sustentar.

 

Rita Cadillac  (Foto: @bagaoadega)

 

“Minha vida é uma bomba atômica! Perdi tudo e fui julgada por tentar sobreviver. Minha vida sempre foi uma luta, nada veio fácil. Tento sobreviver até hoje. Bato em mim mesma e de frente com os outros. Fiz programa por um curto tempo, mas sempre fui julgada. No meu casamento, mesmo virgem, fui chamada de vagabunda por um mendigo”, relembra ela, que no livro conta que apenas conversou com o primeiro cliente após chorar de medo da situação e comovê-lo com sua ingenuidade.

 

“As pessoas falam e te pré-julgam sem saber da sua história e quem você realmente é. Isso me machucou muito. Eu era a pessoa mais pura e inocente do mundo.”

 

NAMOROS


Rita abandonou a prostituição logo após conseguir um trabalho em uma companhia de dança, que a levou a ser descoberta pelos produtores do programa do apresentador de TV Chacrinha. Na época, ela viajava o mundo como dançarina e aceitou fazer apenas uma participação na TV, o que acabou se tornando seu ganha-pão.

 

“Nunca me senti um mulherão. Aprendi com tudo com Rogéria, que me deu a oportunidade de trabalhar na companhia. Ela me ensinou a me a maquiar, andar, comer e até a transar. Sou muito grata a ela e fiquei chateada por não poder citar o nome dela no livro. Tivemos que colocar um nome fictício e não usar fotos minhas com ela já que a família dela estava exigindo dinheiro”, explica.

 

Rita Cadillac  (Foto: @bagaoadega)

 

Na TV, Rita se tornou uma estrela e um símbolo sexual. Rita diz que Chacrinha protegia as assistentes como se fossem filhas. Elas tinham uma vida social bem rígida, que incluía a proibição da entrada de homens em seu quarto de hotel.

 

“As pessoas imaginavam que era uma Sodoma e Gomorra. Não tinha nada disso. Fiquei chateada com o filme que fizeram do Chacrinha porque pintaram ele como se fosse amante das chacretes. A nossa relação sempre foi de muito respeito. Via o Chacrinha como um pai.”

 

Rita Cadillac e Chacrinha (Foto: Reprodução)

 

No livro, ela relembra amores com famosos como Chrystian, da dupla com Ralf, sem o conhecimento do chefe, e com Gonzaguinha. “O Gonzaguinha era um cara incrível e estava solteiro. Eu nunca saí com homens casados! Foi um namoro de fã. Eu era fanzoca dele. Eu ia para a casa dele escutar música ou ouvir ele cantando. A gente tomava vinho, cantava, ele me filmava... Não tinha nem transa. Foi muito mais amizade colorida que um namoro. Quando ele faleceu, eu estava no Sul e conversei com ele por telefone. Marcamos um encontro, mas não foi possível. Soube do acidente horas depois.”

 

Na biografia, Rita também toca em um assunto do qual nunca havia falado, um aborto que fez sem saber que estava grávida de cinco meses. Ela tomou um abortivo após atrasar um mês na menstruação e desconfiar que estava esperando um filho de um jogador de futebol, o qual mantém o nome em sigilo.

 

“Acho que a mulher é dona do seu corpo e tem o direito de decidir se quer ou não o filho, mas eu não sabia que eu estava grávida de cinco meses, se soubesse não teria feito. É muito perigoso. Se não fosse a minha vizinha ter me socorrido e levado ao hospital eu poderia ter morrido. Foi muito ruim para mim. Fiquei mal do corpo e da cabeça. Quase morri. Resolvi falar sobre isso, que era um dos maiores segredos da minha vida, porque foi uma forma de me perdoar”, conta ela.

 

Rita Cadillac  (Foto: @bagaoadega)

 

TRABALHOS


Rita também fala sobre os altos e baixos da profissão. Ela relembra a decisão de fazer seu primeiro filme pornô. Para conseguir gravar uma cena de sexo com outra mulher, a atriz conta que chegou a ter um coma alcoólico de tanto beber.

 

“Nunca liguei para o julgamento das pessoas. Só me importava com a opinião das pessoas que me conheciam de verdade. Quando decidi fazer filmes adultos, liguei para o Mário (primeiro namorado) para avisar. Perguntei se isso ia acabar com o carinho que ele tinha por mim e ele disse: ‘Faça! Não vai mudar o que eu penso de você. Ninguém paga as suas contas’. Não me arrependo porque naquele momento estava precisando de dinheiro, mas não faria de novo. E olha que tive outras propostas. Mas foi muito difícil. Tive até coma alcoólico de tanto que bebi para fazer a cena.”

 

Atualmente retomando seus trabalhos após um período complicado por causa do isolamento social causado pela Covid-19, Rita anseia por uma viagem de vinte dias a Paris que fará em janeiro acompanhada do assessor Roberto Rodrigues e da amiga Aritana Maroni para ações com empresas de cosméticos e moda.

 

Rita Cadillac  (Foto: @bagaoadega)

Fotos: Reprodução 

 

 

“Nunca tive uma vida de glamour, sempre trabalhei muito. Naquela época não tinha redes sociais e o cachê não era grande como hoje me dia, mas trabalhei muito e dei uma casa para meu filho e comprei uma para mim. A pandemia foi muito difícil. Perdi muitos amigos! Também tomei muito cuidado porque além de idosa, sou fumante. Só saía de casa para ajudar um amigo entregando delivery de compras. Sempre digo que não tenho grana, mas ajudo com o meu nome. Além disso, a falta de contato com o público foi muito difícil. Eu sempre gostei de me comunicar com o público, sempre tive essa facilidade e por isso quis esperar a flexibilização da pandemia para poder lançar esse livro. Queria ter esse contato com o público mesmo que respeitando todas as normas de segurança. Agora torço para que esse livro venda bem. A minha parte vai para uma ONG de animais. O dinheiro para mim eu consigo com o meu trabalho. Estou voltando com os shows. Nada é fácil. Agora estou aqui rezando para essa variante não fechar as fronteiras e para eu conseguir fazer essa viagem a Paris em um trabalho em janeiro. Eu apanho, mas não desisto.”

 

Fonte: Quem

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