Comprado zero-quilômetro por cerca de R$ 10 mil, um Volkswagen Fusca 1996 permanece guardado no Espírito Santo do jeito como saiu da concessionária. O exemplar vermelho Dakar da Série Ouro, que marcou o fim da produção do modelo no Brasil há 26 anos, ainda exibe a cera de fábrica e apenas 20 km no hodômetro. Seu dono não quer saber de passá-lo adiante, enquanto especialistas dizem que o carro hoje poderia ser vendido por mais de R$ 200 mil. Autor das fotos que ilustram esta reportagem, o comerciante de carros antigos Reginaldo Gonçalves, o Reginaldo de Campinas, conta que o atual proprietário prefere o anonimato. Especializado em garimpar automóveis nacionais originais e pouco rodados das décadas de 1980 e 1990, Gonçalves diz que o Fusca hoje pertence a um empresário e colecionador que é o segundo dono da raridade. “O primeiro proprietário adquiriu o veículo para guardar. Por isso, manteve a cera de fábrica, que era aplicada para proteger a pintura e retirada somente na entrega, com água quente e querosene. Por isso, o Fusca até hoje tem esse aspecto de empoeirado, mesmo limpo”, explica Reginaldo de Campinas.Detalhe do painel, cujo hodômetro exibe apenas 20 km rodados; carro foi comprado para ser guardado Imagem: Reginaldo de Campinas/Arquivo pessoal Reginaldo acrescenta que o Série Ouro estava guardado em um galpão no Espírito Santo, juntamente com outro Fusca 1986, quando em 2001 o atual dono adquiriu o veículo, “após muita insistência”. Desde então, permanece com ele. “O carro pertencia a um grande amigo do pai desse empresário. Além da cera de fábrica, traz manual, plástico nos bancos e até o preço pelo qual foi vendido, impresso em uma folha de papel afixada no para-brisa”, destaca Reginaldo, segundo o qual esse VW poderia atingir o preço de R$ 300 mil, se estivesse à venda. POR QUE É TÃO CAROAspecto sujo e empoeirado da pintura é, na verdade, a cera de fábrica que até hoje não foi removida Imagem: Reginaldo de Campinas/Arquivo pessoal De acordo com negociantes de carros clássicos, o Fusca Itamar, que marcou o breve retorno do modelo e foi produzido entre 1993 e 1996, tem subido de preço e unidades padrão originais em bom estado podem ser vendidas por mais R$ 100 mil. O exemplar desta reportagem é um ponto fora da curva, por ser da Ultima Série, cuja produção teria sido de 1,5 mil unidades – das quais apenas 250 exibem a rara e cobiçada cor vermelho Dakar. “Série Ouro vermelho Dakar é um dos mais desejados e valorizados pelos colecionadores. Se tiver 20 km rodados e cera de fábrica, o dono pode pedir o preço que desejar, dentro da realidade do mercado, é claro, que vai ter gente disposta a pagar”, diz Robson Cimadon, o Alemão, dono da loja Século 20, localizada em Santo André (SP).Dono atual e primeiro proprietário nunca removeram os plásticos dos bancos, preservados 26 anos após fabricação Imagem: Reginaldo de Campinas/Arquivo pessoal Ele vendeu há cerca de cinco anos um Série Ouro nessa tonalidade, com aproximadamente 9.000 km por R$ 60 mil, e diz nunca mais ter encontrado outro tão bom e pouco rodado à venda com as mesmas características. “O Série Ouro sempre teve muita força e o preço só tem subido. Traz como diferenciais a tapeçaria luxuosa, o volante de Gol, o emblema na lateral e o painel com fundo branco. Também tem faróis de milha e não traz as faixas laterais”, esclarece.
Silvio Luiz, proprietário da loja Old is Cool Motors, concorda com o colega e também aponta o Série Ouro Vermelho Dakar como o queridinho dos antigomobilistas. “Um exemplar original e zerado não é mais tratado apenas como Fusca. Os colecionadores pagam muito bem por uma unidade nessas condições e com essa cor, que pode facilmente custar mais de R$ 200 mil. Dificilmente aparece no mercado e, quando um Fusca desse troca de mãos, a transação costuma acontecer diretamente entre colecionadores”. FUSCA ITAMAR É A BOLA DA VEZVW Fusca também preserva folha no para-brisa com o valor pago pelo veículo na concessionária em 1996 Imagem: Reginaldo de Campinas/Arquivo pessoal Joel Picelli, leiloeiro da Picelli Leilões, explica a megavalorização do Fusca Itamar em geral – o apelido é uma referência ao ex-presidente Itamar Franco, defensor do retorno do modelo e entusiasta do carro da VW – cuja primeira aposentadoria aconteceu em 1986, com o lançamento da edição Última Série. “Fuscas mais antigos, incluindo os Última Série, de 1986, estão todos com colecionadores. No máximo, trocam de coleção. Já o Itamar ainda tem unidades em excelente estado esperando para ser encontradas, compradas zero-quilômetro e que até hoje estão com a mesma família. Não apenas Série Ouro, mas da versão comum, principalmente modelo 1996, podem custar bastante dinheiro”, diz Picelli.
NUNCA EMPLACADO E 0 KM: FUSCA MANTÉM CERA DE FÁBRICA E VALE UMA FORTUNA
Reviewed by Blog LBS
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maio 26, 2022
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